A crise marcou a vida do espanhol A.N.P. dividindo-a em dois períodos distintos. Ele chegou a ganhar milhões de euros e hoje, desempregado, é obrigado a pedir ajuda para não passar fome.
Um ano antes da crise ele tinha duas casas, três carros e salários anuais equivalentes a R$ 150 mil. Um ano depois, dívidas, bens confiscados e necessidades básicas desatendidas. 'É difícil de acreditar', desabafa.
A.N.P., de 54 anos (ele pediu para não ter o nome ou o rosto divulgado) é um retrato fiel da crise que atinge trabalhadores que até pouco tempo atrás tinham bons níveis de vida e perderam tudo.
Mestre de obra em mais de 30 anos na construção civil, chegou a ganhar mais de R$ 12 milhões em oito anos no período do boom do setor.
Os salários que superavam os R$ 13 mil mensais lhe animaram a comprar duas casas, três carros e a consentir que o filho deixasse os estudos antes de concluir o segundo grau. Como operário, o rapaz ganhava mais do que um universitário.
Mas a realidade mudou. A construtora em que pai e filho trabalhavam faliu. A empresa, que também financiava a compra de imóveis para os empregados, deixou de pagar bancos, fornecedores e trabalhadores.
Resultado: bens confiscados, dívidas acumuladas e toda a família desempregada há um ano. Desde fevereiro, a solução tem sido o restaurante comunitário da organização de caridade católica São Vicente de Paula no centro de Madri.
Poço
'Veja bem o que há aqui! Não estamos falando de indigentes. São trabalhadores: asseados, arrumados, educados... Caíram num poço sem saber como. É uma situação impressionante', explicou à BBC Brasil a freira Maria Mercedes Morilla, coordenadora do restaurante S. Vicente.
A.N.P. ouviu a descrição e se emocionou. Confessou que no princípio sentia 'imensa vergonha' de pedir ajuda. Mas passou a contar com o apoio também psicológico das freiras da congregação Filhas da Caridade.
'Aprendi a ser agradecido e a ver este auxílio como uma salvação para esta etapa duríssima', afirmou.
'Porque o pior não é ter caído neste poço. O pior é não ver saída na minha idade, ter deixado meu filho se endividar, largar os estudos... Se não fosse por isso aqui (mostra a sacola com alimentos dada pelas religiosas), minha família não teria o que comer', diz.
A.N.P. tem como única renda a subvenção pública de R$ 950,00 para desempregados a longo prazo. Quase tudo vai para o banco para saldar as dívidas dos imóveis que ele já perdeu, mas ainda tem que pagar.
Como ele, milhares de espanhóis fazem fila todos os dias nos centros de ajuda social com restaurantes para necessitados. O de S. Vicente fornecia 350 refeições diárias em 2009 e agora fornece 700 desde janeiro de 2011.
Na Cruz Vermelha, o panorama é o mesmo. São 2.500 atendimentos diários nas sedes principais do centro de Madri para pessoas em busca de alimentos, dinheiro para pagar o aluguel e contas de abastecimento (luz, água e gás) e assessoria jurídica.
Segundo a ONG, no primeiro trimestre de 2011 quatro de cada dez pedintes de ajuda eram novos pobres, pessoas que nunca haviam demandado auxilio social.
Um ano antes da crise ele tinha duas casas, três carros e salários anuais equivalentes a R$ 150 mil. Um ano depois, dívidas, bens confiscados e necessidades básicas desatendidas. 'É difícil de acreditar', desabafa.
A.N.P., de 54 anos (ele pediu para não ter o nome ou o rosto divulgado) é um retrato fiel da crise que atinge trabalhadores que até pouco tempo atrás tinham bons níveis de vida e perderam tudo.
Mestre de obra em mais de 30 anos na construção civil, chegou a ganhar mais de R$ 12 milhões em oito anos no período do boom do setor.
Os salários que superavam os R$ 13 mil mensais lhe animaram a comprar duas casas, três carros e a consentir que o filho deixasse os estudos antes de concluir o segundo grau. Como operário, o rapaz ganhava mais do que um universitário.
Mas a realidade mudou. A construtora em que pai e filho trabalhavam faliu. A empresa, que também financiava a compra de imóveis para os empregados, deixou de pagar bancos, fornecedores e trabalhadores.
Resultado: bens confiscados, dívidas acumuladas e toda a família desempregada há um ano. Desde fevereiro, a solução tem sido o restaurante comunitário da organização de caridade católica São Vicente de Paula no centro de Madri.
Poço
'Veja bem o que há aqui! Não estamos falando de indigentes. São trabalhadores: asseados, arrumados, educados... Caíram num poço sem saber como. É uma situação impressionante', explicou à BBC Brasil a freira Maria Mercedes Morilla, coordenadora do restaurante S. Vicente.
A.N.P. ouviu a descrição e se emocionou. Confessou que no princípio sentia 'imensa vergonha' de pedir ajuda. Mas passou a contar com o apoio também psicológico das freiras da congregação Filhas da Caridade.
'Aprendi a ser agradecido e a ver este auxílio como uma salvação para esta etapa duríssima', afirmou.
'Porque o pior não é ter caído neste poço. O pior é não ver saída na minha idade, ter deixado meu filho se endividar, largar os estudos... Se não fosse por isso aqui (mostra a sacola com alimentos dada pelas religiosas), minha família não teria o que comer', diz.
A.N.P. tem como única renda a subvenção pública de R$ 950,00 para desempregados a longo prazo. Quase tudo vai para o banco para saldar as dívidas dos imóveis que ele já perdeu, mas ainda tem que pagar.
Como ele, milhares de espanhóis fazem fila todos os dias nos centros de ajuda social com restaurantes para necessitados. O de S. Vicente fornecia 350 refeições diárias em 2009 e agora fornece 700 desde janeiro de 2011.
Na Cruz Vermelha, o panorama é o mesmo. São 2.500 atendimentos diários nas sedes principais do centro de Madri para pessoas em busca de alimentos, dinheiro para pagar o aluguel e contas de abastecimento (luz, água e gás) e assessoria jurídica.
Segundo a ONG, no primeiro trimestre de 2011 quatro de cada dez pedintes de ajuda eram novos pobres, pessoas que nunca haviam demandado auxilio social.
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